Plano de Aula

POESIA

Olho de Mosca
02/02/2015
Ensino Médio, Formação de Educadores

Joao Worcman
Acesse a ficha do filme



A poesia é ao mesmo tempo amada por uns e odiada por outros. Trabalhar com poesia dentro da sala de aula sempre traz um misto de excitação e desânimo. Raros são os alunos que gostam desse gênero e ainda mais raro os que o produzem. Esse vídeo traz uma reflexão sobre poesia, na visão de 4 poetas contemporâneos: Arnaldo Antunes, Antonio Cícero, Carlito Azevedo e Paulo Henriques Britto.



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- Refletir sobre o tema poesia.


- Conhecer poesia sob o olhar de poetas.


- Estimular o gosto pela leitura e produção de poesia.



1° momento:



Peça aos alunos que escrevam um parágrafo respondendo as seguintes questões:



- Você gosta de poesia? Por quê?


- O que é poesia?



Abra uma plenária para que a classe leia suas respostas. (É importante que os alunos leiam e não apenas digam suas respostas. Esse exercício exige do aluno que ele seja cuidadoso em sua redação).


Durante essa plenária solicite a um aluno que registre as principais justificativas por gostar e por não gostar de poesia. Coloque o vídeo para a classe assistir na íntegra




2° momento:



Assista novamente ao vídeo dividindo-o em partes:


parte 1 - início até 50"



Nessa parte há a leitura da parte de um poema de Carlito Azevedo http://rodrigo-madeira.blogspot.com.br/2012/05/carlito-azevedo.html, Entregue uma cópia da poesia aos alunos e discuta o entendimento do texto com eles.




III




A ideia é não ceder à tentação


de escrever o poema desse não-




lugar, desse círculo congelado


sem vasos comunicantes, fechado




em si, em sua pose, sua espera,


a ideia é alcançar a outra esfera,




não aquela onde tudo flui tão lento,


nem a outra, comum no movimento,




mas a última, a roda da vertigem


(esteja ela no fim ou na origem),




a ideia é pôr as duas mãos no centro


nervoso do delírio (aquele vento




na praça), para que a palavra ativa


congele a vida, como sói, mas viva




mesmo ferida da paralisia,


fluxo paralisado, a poesia.




3° momento:



parte 2 - início até 50"


Nessa parte os autores apresentam conceitos de poesia, sob a visão de cada um. Solicite que revejam a resposta ao questionamento do início da aula e reescrevam o conceito de poesia.


Peça que ao final, os alunos que desejarem, leiam o que escreveram para toda a turma.




4° momento:



parte 3 - início até 50"


Antes de soltar essa parte, lance a pergunta para o grupo: por que as pessoas não apreciam a poesia?


Coloque o vídeo e peça aos alunos que ao final escrevam um parágrafo respondendo a esse questionamento.




Paulo Henriques Britto: 19 de janeiro



Até esta chegar às suas mãos

eu já devo ter cruzado a fronteira.

Entregue por favor aos meus irmãos

os livros da segunda prateleira,



e àquela moça - a dos "quatorze dígitos" -

o embrulho que ficou com teu amigo.

Eu lavei com cuidado o disco rígido.

Os disquetes back-up estão comigo.



Até mais. Heroísmo não é a minha.

A barra pesou. Desculpe o mau jeito.

Levei tudo que coube na viatura,



mas deixei um revólver na cozinha,

com uma bala. Destrua este soneto

imediatamente após a leitura.



5° momento:



parte 4 - início até 50"


Essa parte servirá como motivação para o trabalho final da aula: a criação de um poema.



Coloque o vídeo. Nela é feita a declamação dos 3 poemas disponíveis abaixo, que devem estar impressos para os alunos acompanharem.




Pneumotórax - Manuel Bandeira



Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.



A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Tosse, tosse, tosse.



Mandou chamar o médico:

- Diga trinta e três.

- Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .

- Respire.

............................................................................................................

- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.

- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?

- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.



Guardar - Antônio Cícero




Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.

Em cofre não se guarda coisa alguma.

Em cofre perde-se a coisa à vista.



Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por

admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.



Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por

ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,

isto é, estar por ela ou ser por ela.



Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro

Do que um pássaro sem voos.


Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,

por isso se declara e declama um poema:

Para guardá-lo:

Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:

Guarde o que quer que guarda um poema:

Por isso o lance do poema:

Por guardar-se o que se quer guardar.



Pensamento - Arnaldo Antunes

Pensamento que vem de fora

e pensa que vem de dentro,

pensamento que expectora

o que no meu peito penso.

Pensamento a mil por hora,

tormento a todo momento.

Por que é que eu penso agora

sem o meu consentimento?

Se tudo que comemora

tem o seu impedimento,

se tudo aquilo que chora

cresce com o seu fermento

pensamento, dê o fora,

saia do meu pensamento.

Pensamento, vá embora,

desapareça no vento.

E não jogarei sementes

em cima do seu cimento.




6° momento:



Faça um levantamento com os alunos das características do gênero poesia, para isso pode solicitar que eles realizem uma pesquisa sobre, e após esse momento, solicite aos alunos que, em grupos ou individualmente, produzam poesias.



Publique-as em um blog e/ou produza um livro com as poesias mais votadas.




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